O Seminário sobre o livro de Herman Hertzberger - Lições de Arquitetura surge como um momento de reflexão, que ao mesmo tempo, gera um instrumento norteador de idéias a cerca dos conceitos que um arquiteto deve levar em consideração na hora de projetar, se tratando principalmente das questões ligadas ao espaço.
Para expressar seus conceitos, o próprio Hertzberger, em seu livro, trabalha bastante com a questão visual, mostrando seus pensamentos pela utilização de ilustrações, apresentando imagens de projetos de renomados arquitetos tais como Bramante, Le Corbusier, Palladio, Chareau, dentre outros que também emprestaram seus conhecimentos, contribuindo para a construção dos conceitos do autor.
A questão espacial é mostrada praticamente em todos os capítulos, indo de encontro principalmente na delimitação que direcionadas para o sentido de fronteiras ou mesmo de interação, apropriação, demarcação e zoneamento; além de abordar assuntos como o público e privado, expressos entre o coletivo e individual, ainda são mencionadas a equivalência, funcionalidade, virtualidade, autoritarismo, hierarquização e o sistema estrutural de grelhas.
Apropriando da mesma didática de Hertzberger, cada um dos dez grupos apresentou o conceito selecionado juntamente com imagens de dois projetos arquitetônico, com intuito de melhor exemplificação, sendo um situado em qualquer lugar do mundo e o outro dentro das delimitações territoriais de São João Del Rei.
O grupo dez, do qual somos integrantes, focou no campo do conceito da equivalência. Percebemos que as idéias esboçadas faziam ligação com as obras de Flusser, principalmente ao citar elementos característicos da virtualidade do espaço e da interação que a edificação deve ter com o meio que a cerca. Além disso, detectamos que o autor também introduz os princípios da arquitetura autoritária. Dentro dessas temáticas, apresentamos o projeto arquitetônico da Igreja das Romarias no alto da Serra da Piedade – Caeté/ MG e do Teatro Municipal em São João Del Rei.
A Igreja das Romarias projetada pelo arquiteto Alcides da Rocha Miranda, em 1974 inseri-se dentro da temática abordada, uma vez que sua estrutura física sai das projeções que estamos acostumados a observar em Minas Gerais, e assume um visual movimentado, tentando acompanhar a irregularidade das formações rochosas que a cercam e consolidando uma grande tenda de múltipla funcionalidade. O concreto armado aparente imita características do “Brutalismo” fornecendo um ar mais natural da edificação. A presença do vidro na parte frontal e em uma das laterais remete a interação do ambiente fechado com meio externo. Em seu interior, os painéis de cerâmica de Cláudio Pastro, fazem um verdadeiro contraponto de elementos de uma arte antiga com uma arquitetura moderna. As cerâmicas foram pintadas obedecendo a características da arte bizantina, o esquemático físico das figuras remete a esse contexto. A equivalência também surge se levamos em consideração que no alto da Serra já existia uma edificação religiosa em estilo colonial. O arquiteto conseguiu reuni-las em um mesmo espaço sem causar interferência em nenhuma das duas.
O Teatro Municipal reúne os demais conceitos do capítulo 6, principalmente a hierarquização. Em seu interior têm-se duas áreas destinadas à platéia, sendo no projeto original, uma designada a pessoas de grande relevância na sociedade sanjoanense e a outra direcionada a indivíduos comuns. O pátio de frente da construção, permite várias interpretações, visto que é aberto, possui dimensões interessantes e tem ao fundo, como uma espécie de moldura, a imagem do imponente teatro. Essas características concebem um local onde podem ser realizados vários tipos de atividades, gerando um espaço que permite uma certa virtualidade.
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